O jogo é, na verdade, uma sequência de American McGee's Alice, uma releitura do clássico lançada para PC em 2000. Nesta continuação, a garota precisa retornar ao País das Maravilhas dez anos depois de sua primeira visita para tentar resolver o mistério da morte de seus pais. No entanto, mais do que buscar respostas, ela deve enfrentar sua própria insanidade em meio ao caos que Wonderland foi e ainda é.
País da Loucura
Como é possível perceber pelas várias imagens divulgadas, Alice: Madness Returns nos leva a um mundo completamente diferente daquilo visto nos filmes da Disney. Com pegada muito mais sombria, todo o local é melancólico e com a sensação de que estamos nos domínios da Morte.
A própria protagonista simboliza essa tristeza. Após um trauma no passado, Alice perdeu sua sanidade e vive com as lembranças da tragédia no que restou de sua mente. O único resquício de vida que podemos encontrar nela – e no próprio game – é o tom de seu vestido.
Esse é um dos grandes trunfos do jogo. Com uma direção de arte fantástica, praticamente tudo consegue chamar a atenção do jogador. Com cenários repletos de detalhes e com pinturas que parecem ter sido feitas à mão, o título pode ser um dos mais esteticamente belos de 2011.
Ação através da tristeza
Embora muito tenha sido comentado sobre o título, havia pouquíssimas informações sobre esta releitura do clássico da literatura. O próprio enredo, ainda que bastante curioso, não chega a ser algo totalmente original: a ideia de retornar ao País das Maravilhas já foi vista em outras mídias, como no recente filme dirigido por Tim Burton.
É por isso que a Electronic Arts aproveitou a Game Developers Conference para exibir um pouco da jogabilidade de Madness Returns. Vários sites internacionais, como o GameSpot, puderam conferir um pouco do que a desenvolvedora Spicy Horse preparou.
Trata-se de um título de ação em terceira pessoa que simplesmente abusa da violência e da bizarrice para criar o efeito de loucura desejado. O resultado, como não poderia deixar de ser, é um mergulho na melancolia e na insanidade da personagem.
A demonstração disponível na GDC 2011 era bastante restrita e colocava o jogador em Queensland, uma área já bastante avançada na história. Para compensar a falta de explicação na história ou a pouca familiaridade com a mecânica de combates, a demo já trazia todas as armas e habilidades para a heroína.
A missão de Alice é, aparentemente, bem simples: atravessar um longo pátio para chegar ao castelo da Rainha de Copas. O problema é que o local está completamente deserto e a garota precisa ficar atenta para sobreviver às colunas de pedras que insistem em cair. Se o País das Maravilhas já teve seus dias de glória, só podemos ver suas ruínas.
É claro que a travessia não seria tão tranquila assim. Assim como na obra original, o exército de cartas vai surgir para impedir que a menina avance. Contudo, em vez de termos o visual infantil e divertido imortalizado pela Disney, aqui o baralho é completamente sombrio, demoníaco e mortal.
A principal arma de Alice em seus combates é a lâmina Vorpal. Ela pode ser usada para acabar com a maioria nos inimigos, além de também permitir que o jogador realize um movimento especial para finalizar o adversário. Porém, existem monstros específicos que necessitam de um pouco mais de estratégia para serem eliminados.
São esses pontos fracos que tornam a jogabilidade de Alice: Madness Returns tão convidativa. Ao contrário do que muitos jogos no estilo hack´n´slash atuais fazem, o game exige também que o usuário busque soluções inteligentes para os desafios e saiba usar os equipamentos existentes para resolver seus problemas. Esqueça o smash button descerebrado, pois é preciso pensar muito neste mundo de loucura.
Ajudas literárias
Ao longo dos seis domínios que Alice terá de passar, a garota terá a ajuda de várias criaturas familiares para quem leu os livros de Lewis Carroll. Exemplo disso é o icônico Gato de Cheshire, que pode ser invocado para ajudar a resolver determinados quebra-cabeças. Com suas irritantes charadas, o risonho animal dá dicas de o que fazer ou de como derrotar determinado inimigo.
Além disso, também há a presença de personagens conhecidos, como o Chapeleiro Louco e o Coelho Branco, mas nada foi dito sobre sua importância na jogabilidade.
Outra referência bastante importante são os itens que fazem com que Alice cresça ou encolha. Esses itens são fundamentais para resolver certos desafios. Após beber o líquido que a faz diminuir, a garota consegue encontrar itens e plataformas inacessíveis em seu tamanho original. Mais importante do que isso, é nessa forma que ela encontra mensagens escritas com giz nas paredes, todas feitas por outras crianças loucas ao longo do tempo.
Já o bolo com a mensagem de “Me coma” pode ser uma das principais armas para enfrentar inimigos aparentemente invencíveis. Em determinado momento da demonstração, por exemplo, um monstro com foices nas mãos aparece e começa a perseguir Alice, que é incapaz de atacá-lo com a lâmina Vorpal. Ao ingerir o alimento do crescimento, ela consegue pisoteá-lo até a morte.
Os demais equipamentos também são tão criativos quanto os apresentados até aqui. Junto com a espada, a menina pode usar um moedor de pimenta para atordoar seus inimigos. Com isso, é possível realizar ataques pelas costas e atingi-los sem ser percebida. Há também uma espécie de pote de chá que funciona como um lança-granadas e bombas controladas remotamente na forma da Lebre de Março.
Reconstruindo sua sanidade
Se vemos uma garota completamente louca em Alice: Madness Returns, é de se esperar que a jornada pelo País das Maravilhas também consiga fazer com que a menina recupere sua sanidade. Embora a Electronic Arts não tenha respondido a essa questão, sabemos que ela conseguirá resgatar várias memórias ao longo do jogo.
Conforme descrito pelo site GameSpot, existem duas formas de fazer a isso: a primeira é com um sistema de áudio que lembra bastante as gravações de BioShock. À medida que avança pelos domínios reais, Alice encontra pequenas lembranças em formas de diálogos, que vão mostrando o que realmente aconteceu no passado.
Além disso, existem vários filmes espalhados pelo mundo. Ao encontrar uma dessas animações, somos presenteados com uma cena ao estilo Vitoriano, época em que a obra original foi escrita. A promessa é que esses dois itens respondam a muitas perguntas sobre a menina.
Outro ponto bastante interessante comentado pela desenvolvedora foi o fato de que o game não é completamente situado no País das Maravilhas. Ao contrário do que muitos imaginavam, Alice poderá transitar entre este lugar fantástico e Londres. No entanto, a utilidade dessa transição não foi explicada.
Alice: Madness Returns chega ao PlayStation 3, Xbox 360 e PC no dia 14 de junho.